Um poema para mim.
Me devorando no espelho.
Meu lado narciso, enfim,
Em todo e qualquer bedelho.
Falho, mentecapto, ilustre,
Eu minto e aconselho,
Cada palavra um truque
Sem cartola ou coelho.
Todos ideais perdidos,
Consumidos pela aprazia.
O amoral, sem partido,
Preocupo-me com a ataraxia.
Sou o ócio, o desejo,
O enclaustro e a afazia.
Sou o nobre subornado sem cortejo.
O pobre rico da boemia.
Sou o libido consumido,
O mais puro teso.
Sou o perverso reprimido.
O justo, o coeso.
Um paradoxo hiperbólico,
Uma regra de três,
Sou budista, católico,
Comunista, Hare, Libanês.
Sou profeta, mentiroso,
A blasfêmia, o condenado
Sou um tiro, sou teimoso,
Sou Hércules acovardado.
Estou na mesa, no banheiro
Em um verbo, num idioma inteiro.
Sou de direita, sou justiceiro,
Um hino, um cavalheiro.
O limite dos que se perdem.
Sou um, dois, três... o infinito!
A chaga dos que ardem,
O modesto, o veredicto.
Sou o filho-da-puta!
Mereço palmas, e apitos.
Uma taça com cicuta,
Um paraíso sem arbítrio!
escrito em: Sexta-feira, 21 de Setembro 2007, 2h35.
não tããooo triunfal
ResponderExcluirLuís, és um impertinente descarado ;)!! Gostei muito!
ResponderExcluir