Fechei meus olhos.
Agarrei-me aos meus braços envolvendo-os sutilmente ao meu corpo. Sorri para
minha alma e, agarrando-me em mim mesmo, esperei. Esperei pelos pensamentos
todos que me consumiam, momento a momento, provocando espasmos em meu corpo
vacilante. Escutei o silêncio do espaço e compreendi seu poder avassalador, que
reflete excretando minuciosamente o óbvio e o inimaginável, e
provoca uma confusão avassaladora, extinguindo o pensamento, a vida e o
universo inteiro em um único momento súbito que não pode ser calculado em
tempo. É tudo tão rápido que a minha compreensão não acompanha a fala; não há
reação. Decido então experimentar a sensação e, por algum momento, eu me sinto espacialmente
perdido – como que ausente de qualquer possibilidade de existir: já não sei se
é o silêncio o tempo ou o tempo o silêncio. É como ser um eco no vazio. É como
estar cheio de nada. E, repentinamente, sou tomado por uma incólume sensação de
expansão. Sinto como se eu pudesse alcançar qualquer extremo, qualquer
entendimento. Talvez eu não perceba a realidade. Talvez eu esteja no limiar das
verdades. Ou talvez eu seja Deus. Há uma beleza inexplicável em tudo que eu
penso e sinto nesse momento. Tudo faz sentido. E tudo carece de sentido. E,
como se flutuasse, experimento toda diversidade e a aprazia que me alcança. Está
para além da carne, da alma, das partículas que me harmonizam. Eu não preciso
de mais nada; sei. Já não estou no meu corpo. Me distribuo no espaço.
Compreendo o que sou e, agora, de fato, eu nasço.
adoro o seu vocabulário completo, direto, forte!
ResponderExcluirsó acho q vc devia saber que vicia seus leitores e dps some! tsc tsc..
adoro essa sensação de completude com o espaço, descrita no texto acima! =)
ResponderExcluirMenino, ainda não tinha visto este ... assim você mata-me!
ResponderExcluirÉ como estar suspenso no ar e sentir por todo o corpo a brisa que vem do mar!