É difícil explicar
para as pessoas o que sinto quando me dou conta de que estou vivo, de que
existo, de que participo do Agora. E que minha percepção de realidade está além
dos fluídos que circulam e circundam por entre as fibras e vísceras da carne e
dos ossos desse corpo efêmero. Percebo-me, tendo a consciência plena
de que respiro, de que meus sentimentos e atitudes sobre o breve instante que
se desdobra e se esvai, segundo a segundo, moldando e transformando a
experiência de ser em mim.
A todo instante, escrevo
minha história através das experiências que crio e recrio – sejam elas mentais
ou corporais. Tenho dúvidas reais e persecutórias sobre a existência do outro,
pois nesses breves instantes de consciência plena, sinto que sou e não que estou.
Observo-me de dentro dos meus olhos, consciente de que não estou dentro de mim.
Estar me parece inconstante e transitório.
Sei que, mesmo
quando sou coadjuvante, sou o protagonista de mim mesmo: o único responsável
pelo que sou neste instante e pelo que serei e me recordarei no alento
derradeiro dos meus dias. Em todo caso, o passado e o futuro não importam. Não
se pode medir com os olhos e a mente de agora aquilo que pertenceu aos olhos e
a mente de ontem. Assim como não se pode medir com os olhos e a mente de agora
aquilo que pertence ao amanhã. As palavras morrem a partir do momento em que
terminamos de dizê-las. E ao dizê-las novamente, não são as mesmas, pois não
somos o mesmo hoje daquilo que fomos ontem. Não seremos amanhã o que somos
hoje.
Estancar o que sou
na ilusão do tempo – seja este tempo passado ou futuro – é morrer. Achamos que
a morte é aquela que destrói o corpo físico... Mas na verdade morremos sempre
que nos esquecemos de que o tempo é um sentimento, e todo sentimento é
expressão do íntimo. Portanto, não conhecer a si mesmo é não sentir; é não
atuar sobre o tempo, é morrer.
Quando dizemos “não
tenho tempo”... o que queremos dizer com isso? Será que verdadeiramente estamos aqui e agora? Quantas vezes
olhamos ao redor e realmente vemos, escutamos, cheiramos, tateamos ou
saboreamos?
Quando não temos
tempo, ignoramos os sentidos, e consequentemente, ignoramos o pensamento. O
pensamento, neste mundo material, é ação. Ao pensar, criamos. “Mas será que a
maioria das ideias e sugestões que transcorrem em nossa mente ao longo do dia
foram ‘criadas’ por nós mesmos? Vieram de dentro pra fora? Ou reflito a ideia
de outro(s)?”.
Me parece que na maioria do tempo, estamos refletindo. Sendo condicionados a participar de ideias que não somos. “Mas por que aceitamos isto? E como aceitamos isso se nem mesmo nos damos conta?” Lembremos que ser coadjuvantes também implica em ser protagonista – ao menos de nós mesmos. Lembremos também que não ter tempo é sinônimo de não sentir. E na maior parte do tempo, quando inseridos em nosso cotidiano, substituímos nossos pensamentos e nossas ideias por notícias de jornais, por uma música da moda, um serviço, uma filosofia, um acessório... enfim, coisas que foram criadas por outros e processamos isso dentro de nós mesmos.
Me parece que na maioria do tempo, estamos refletindo. Sendo condicionados a participar de ideias que não somos. “Mas por que aceitamos isto? E como aceitamos isso se nem mesmo nos damos conta?” Lembremos que ser coadjuvantes também implica em ser protagonista – ao menos de nós mesmos. Lembremos também que não ter tempo é sinônimo de não sentir. E na maior parte do tempo, quando inseridos em nosso cotidiano, substituímos nossos pensamentos e nossas ideias por notícias de jornais, por uma música da moda, um serviço, uma filosofia, um acessório... enfim, coisas que foram criadas por outros e processamos isso dentro de nós mesmos.
Será que realmente
precisamos disso tudo?
Será que o criador
desses jornais, músicas, serviços, filosofias, acessórios... enfim... Será que
eles também precisam de tudo isso?
Será que precisamos
de fato pensar para estar aqui e Agora?