segunda-feira, 2 de novembro de 2015

- cortina do tempo [ou sobre o que sinto quando não estou com você]

Agora são três horas da manhã. Não consigo dormir. Lá fora, mais uma vez, a chuva.
Estas noites insones, me fazem lembrar da primeira vez em que acordei do sonho de alvorada, em que me vi tragado pelo mar de seus olhos perpétuos. Em queda livre para o interior de seus pensamentos e de suas verdades mais profundas... E lá, dentro de você, me encontrei.
Eu simplesmente não consigo entender...
Sempre que este déjà vu me assola, dirijo-me para a varanda e deito-me no chão para meditar com o retalho de luzes que corta o céus da madruga. Gostaria de compreender como tudo isso aconteceu? Por que diabos sinto o que sinto?
Quando investigo as miríades do tempo, num olhar de dentro, a conclusão que chego é que este sentimento já morava em mim há muitas eras, mas não fora explorado na ausência de você,
Eu que me considero um cara resoluto e decidido, senti-me perdido, como um náufrago de continentes por não saber o que fazer com essa emoção recorrente que incandescia o meu peito. Passei a partilhar com as estrelas a minha angústia; e confesso que - muitas vezes - implorei para o tempo e o vento apagarem da minha mente o desejo de estar com você. Mas foi inútil, e este desejo apenas crescia e as lagrimas já não me deixavam esconder.
Ponderei muito, e temi que isso a fizesse sofrer e que no fim me odiasse, mas, percebi, que se por essa vida eu passasse sem lhe dizer o que sinto, teria que conviver com a suposição de algo que um dia até poderia se tornar realidade.
Foi quando decidi revelar sobre o que guardava no peito e, meio sem jeito, sem nenhuma classe, te declarei a minha verdade e - ainda mais - também deixei escapar os planos que pensei serem nossos num futuro não muito distante. Nesse dia, seus olhos profundos se tornaram mar, mas nada podia acalmar as ondas que vinham de dentro.
- Sabe, sinto que às vezes você me acha louco, que isto tudo que sentimos está errado e que uma hora vai passar; sei também que você evita falar a respeito, pois teme que este sentimento possa te machucar. Mas foi quando tentamos ignorar o que sentimos um pelo outro que passamos a sangrar. Fizemos as palavras de arma e nos tornamos frios e esquivos, como se não fôssemos dignos de compartilhar os nossos momentos.
Entendo, que algumas vezes você prefira se resguardar e ficar sozinha para pensar a respeito de tudo isso. Até porque, my dear, por ora, não há outro jeito. Mas aqui fica a minha confissão de tolo romântico dos velhos tempos: saiba que insisto em incomodá-la com mensagens de palavras, pois vez ou outra sinto sua falta [para não dizer constantemente]... e até mesmo me pergunto se você sente o mesmo? E quando me remeto a você nas mensagens, às vezes me sinto culpado, pelo fato de temer perturba-la, machucá-la ou entristecê-la. Em todo caso, gostaria que soubesse que não estou aqui para iludi-la, tão pouco para transformar nossas escolhas em erros insignificantes.
Do seu lado eu serei constante, mesmo se o tempo de sua história me vestir de coadjuvante.
Mas se um dia sentir por mim o que sinto por você, prometa-me que será honesta,..
.. pois jamais deixarei de ser.