[poema publicado no bloguezin do gusta]
Já distante das nossas verdades
penso naquilo que ficou pela metade...
não sei se foi por falta de vontade
ou apenas o vazio das nossas vaidades.
Fato é que hoje me sinto distante
daquele sentimento constante,
das nossas conversas errantes
que eram honestas e também dilacerantes.
A gente sempre tinha aquela frase foda
que deixava numa bad na mesma hora:
"precisamos falar mesmo do que incomoda"
"diz ai o que sente! põe logo pra fora!"
Mas aí, um dia, a gente se perdeu.
A confiança que tínhamos gradualmente morreu.
Não existia mais você, nem eu...
"o que foi que nos aconteceu?"
Pergutamos um ao outro, buscando respostas,
mas mentimos pra nós mesmos em troca
"você mudou comigo, me deu as costas"
"nossa amizade foi pro saco, ta uma bosta"
Quando na verdade era o contrário
escondíamos no peito um amor retardatário
que passou a machucar no imaginário
qualquer que fosse o comentário,
e ao invés de resolver, a gente foi deixando pra lá:
deixamos de marcar os rolês para nos encontrar,
deixamos as msgs antes de dormir, depois de acordar,
deixamos os lugares que gostávamos de frequentar.
Nos tornamos estranhos e frios
e tudo que um dia fomos se reduziu ao silêncio vazio.
"por que será que a gente não insistiu?"
Agora habito nesse remorso tardio
e me iludo com a sua presença
escutando os backups de áudio de nossas conversas extensas
em que você diz em camera lenta:
"o oposto do amor não é o ódio, é a indiferença"
e tento entender essa loucura imensa
teria sido sua frase um convite ou uma sentença?