sexta-feira, 22 de janeiro de 2021

Amor indiferente

[poema publicado no bloguezin do gusta


Já distante das nossas verdades

penso naquilo que ficou pela metade...

não sei se foi por falta de vontade

ou apenas o vazio das nossas vaidades.


Fato é que hoje me sinto distante

daquele sentimento constante,

das nossas conversas errantes

que eram honestas e também dilacerantes.


A gente sempre tinha aquela frase foda

que deixava numa bad na mesma hora:

"precisamos falar mesmo do que incomoda"

"diz ai o que sente! põe logo pra fora!"


Mas aí, um dia, a gente se perdeu.

A confiança que tínhamos gradualmente morreu.

Não existia mais você, nem eu...

"o que foi que nos aconteceu?"


Pergutamos um ao outro, buscando respostas,

mas mentimos pra nós mesmos em troca

"você mudou comigo, me deu as costas" 

"nossa amizade foi pro saco, ta uma bosta"


Quando na verdade era o contrário

escondíamos no peito um amor retardatário

que passou a machucar no imaginário

qualquer que fosse o comentário,


e ao invés de resolver, a gente foi deixando pra lá:

deixamos de marcar os rolês para nos encontrar,

deixamos as msgs antes de dormir, depois de acordar,

deixamos os lugares que gostávamos de frequentar.


Nos tornamos estranhos e frios

e tudo que um dia fomos se reduziu ao silêncio vazio.

"por que será que a gente não insistiu?"

Agora habito nesse remorso tardio


e me iludo com a sua presença

escutando os backups de áudio de nossas conversas extensas

em que você diz em camera lenta:

"o oposto do amor não é o ódio, é a indiferença"


e tento entender essa loucura imensa

teria sido sua frase um convite ou uma sentença?


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