Por entre as disforias do
tempo, sei que já estive com você em diversos outros desdobramentos de
realidade. Mas mesmo assim, ainda hoje, os nossos encontros e nossas palavras
me doem como nunca. Um resquício fúnebre de outra vida, por assim dizer. Uma
tênue perspectiva: “Sinto medo de perde-la novamente ou de matá-la por dentro
agora que tivemos uma segunda chance”.
E quando a encontro – por
entre os portais de eras e eras – ainda me sinto carnal e pobre pelos sentimentos
que nutro... e entre suspiros e sussurros, eu me prostro, no sobejar de nossas
conversas, a te admirar distante, triste e inócuo.
O invólucro do tempo – esta
miragem – que insiste em nos manter distantes e nos devorar a cada passada
ilusória dos segundos, dos minutos e das horas... infinitamente supressivos,
como a frágil expressão do agora.
E do fundo do meu coração
melancólico, gostaria de confessar o quanto eu a amo... mas daqui desse plano
não posso, não consigo. Por isso, resta-me o mudo movimento das palavras
impregnadas de pensamentos que trespassaram no silêncio retumbante dos séculos
sendo ditas e escritas, ecoando pelo universo para confrontar os corações daqueles
que, assim como eu, ainda sofrem no além-tempo com a confusão do sentimento e
das emoções.
- Mas sabe... quando ainda
encarnado, apenas no mirar profundo de seus olhos, sem nenhum apelo sensual, me
percebia perpétuo e edificante – tal como um avatar, um imortal. Ridiculamente
humano, eu sei. Porém, tendo o amor terreno deflagrado por entre as memórias
arquetípicas de minhas outras vidas, você – e somente você – tornou-se símbolo
eterno de minha busca. Das minhas conquistas. Minha musa. Meu Deus, travestido
em feminilidade e deleite. És – e para sempre será – a essência da minha chama
espiritual.
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